sexta-feira, 30 de abril de 2010


Agora que chegaste a idade avançada de 15 anos, Maria da Graça, eu te dou este livro: Alice no País das Maravilhas.
Este livro é doido, Maria. Isto é: o sentido dele está em ti.

Escuta: se não descobrires um sentido na loucura acabarás louca. Aprende, pois, logo de saída para a grande vida, a ler esse livro como um simples manual do sentido evidente de todas as coisas, inclusive as loucas. Aprende isso a teu modo, pois te dou umas poucas chaves entre milhares que abrem as portas da realidade.
A realidade, Maria, é louca.
Nem o Papa, ninguém no mundo, pode responder sem pestanejar à pergunta que Alice faz à gatinha: "Fala verdade, Dinah, já comeste um morcego?".
Não te espantes se o mundo amanhecer irreconhecível. Para melhor ou pior, isso acontece muitas vezes por ano. "Quem sou eu no mundo?". Essa indagação perplexa é o lugar comum de cada história de gente. Quantas vezes mais decifrares essa charada, tão estranha em ti mesma como os teus ossos, mais forte ficarás. Não importa qual seja a resposta; o importante é dar ou inventar uma resposta. Ainda que seja mentira.
A sozinhez (esquece essa palavra que eu inventei agora sem querer) é inevitável. Foi o que Alice falou no fundo do poço: "Estou tão cansada de estar aqui sozinha" o importante é que ela conseguiu sair de lá, abrindo a porta. A porta do poço. Só as criaturas humanas (nem mesmo os grandes macacos e os cães amestrados) conseguem abrir uma porta bem fechada, e vice-versa, isto é, fechar uma porta bem aberta.
Somos todos tão bobos. Praticamos uma ação trivial, e temos a presunção petulante de esperar dela grandes conseqüências. Quando Alice comeu o bolo, e não cresceu de tamanho, ficou no maior dos espantos. Apesar de ser isso o que acontece, geralmente, às pessoas que comem bolo.
Maria, há uma sabedoria social ou de bolso; nem toda sabedoria tem de ser grave.
A gente vive errando em relação ao próximo e o jeito é pedir desculpas sete vezes por dia: "Oh, I beg your pardon" pois viver é falar de corda em casa de enforcado. Por isso te digo, para a tua sabedoria de bolso: se gostas de gato, experimenta o ponto de vista do rato. Foi o que o rato perguntou à Alice: "Gostarias de gatos se fosses eu?".
Os homens vivem apostando corrida, Maria. Nos escritórios, nos negócios, na política nacional e internacional, nos clubes, nos bares, nas artes, na literatura, até amigos, até irmãos, até marido e mulher, até namorados, todos vivem apostando corrida. São competições tão confusas, tão cheias de truques, tão desnecessárias, tão fingindo o que não é, tão ridículas muitas vezes, por caminhos tão escondidos, que, quando os atletas chegam exaustos a um ponto, costumam perguntar: "A corrida terminou? Mas quem ganhou?" É bobice, Maria da Graça, disputar uma corrida se a gente não irá saber quem venceu. Se tiveres de ir a algum lugar, não te preocupe a vaidade fatigante de ser a primeira a chegar. Se chegares sempre aonde quiseres, ganhaste.
Disse o ratinho: "Minha história é triste!" Ouvirás isso milhares de vezes. Como ouvirás a terrível variante: "Minha vida daria um romance". Ora, como todas as vidas vividas até o fim são longas e tristes, e como todas as vidas dariam um romance, pois, um romance é só um jeito de contar uma vida, foge, polida, mas energicamente, dos homens e das mulheres que suspiram e dizem: "Minha vida daria um romance!". Sobretudo dos homens. Uns chatos irremediáveis, Maria.
Os milagres sempre acontecem na vida de cada um e na vida de todos. Mas, ao contrário do que se pensa, os melhores e mais fundos milagres não acontecem de repente, mas devagar, muito devagar. Quero dizer o seguinte: a palavra depressão cairá de moda mais cedo ou mais tarde. Como talvez seja mais tarde, prepara-te para a visita do monstro, e não te desespere ao triste pensamento de Alice: "Devo estar diminuindo de novo". Em algum lugar há cogumelos que nos fazem crescer novamente.
E escuta esta parábola perfeita: Alice tinha diminuído tanto de tamanho que tomou um camundongo por um hipopótamo. Isso acontece muito. Mariazinha. Mas não sejamos ingênuos, pois o contrário também acontece. E é um outro escritor inglês que nos fala mais ou menos assim: o camundongo que expulsamos ontem passou a ser um terrível rinoceronte. É isso mesmo. A alma da gente é uma máquina complicada que produz durante a vida uma quantidade de camundongos que parecem hipopótamos e de rinocerontes que parecem camundongos. O jeito é rir no caso da primeira confusão e ficar bem disposto para enfrentar o rinoceronte que entrou nos nossos domínios disfarçados de camundongos. E como tomar o pequeno por grande e o grande por pequeno é sempre muito cômico, nunca devemos perder o humor.
Toda pessoa deve ter três caixas para guardar o humor: uma caixa grande para humor mais ou menos barato que a gente gasta na rua com os outros; uma caixa média para o humor que a gente precisa ter quando está sozinho, para perdoares a ti mesma, para rires de ti mesma; por fim, uma caixinha preciosa, muito escondida, para as grandes ocasiões. Chamo de grandes ocasiões os momentos perigosos em que estamos cheios de dor ou de vaidade, em que sofremos a tentação de achar que fracassamos ou triunfamos, em que nos sentimos umas drogas ou muito bacanas. CUIDADO, Maria, com as grandes ocasiões.
Por fim, mais uma palavra de bolso: às vezes uma pessoa se abandona de tal forma ao sofrimento, com uma tal complacência, que tem medo de não poder sair de lá. A dor tem o seu feitiço, e este se vira contra o enfeitiçado. Por isso Alice, depois de ter chorado um lago, pensava: "Agora serei castigada, afogando-me em minhas próprias lágrimas".
Conclusão: a própria dor deve ter a sua medida: é feio, é imodesto, é vão, é perigoso ultrapassar a fronteira de nossa dor, Maria da Graça.

PARA MARIA DA GRAÇA - Paulo Mendes Campos

quinta-feira, 29 de abril de 2010


A revolução da imagem - Cinema 3D

Ontem fui presenciar aquilo que achei mais revolucionário em termos de imagem nos últimos tempos, o cinema 3D. Fui ver Alice no País das Maravilhas, do Tim Burton.
E que revelação para os meus olhos. As imagens saltam até você. Como se pudéssemos pegá-las. Fantástico!
Me culpo por não ter ido ver Avatar em 3D, porque aí sim tinha sido uma overdose. As imagens de Avatar, que são perfeitas e a possibilidade de entrar naquela floresta, tinham me causado uma verdadeira viagem. E quem não quer se teletransportar pro filme que está vendo? Quem sabe Avatar volta pro cinema.
Daí fui pesquisar sobre o cinema 3D, porque entre uma cena e outra, às vezes, tirava os óculos pra tentar entender como a coisa era feita. E o que vi foi uma imagem sobreposta à outra e fiquei mais curiosa ainda. Bem, o fato é que pesquisando na net encontrei algumas coisas interessantes.
Primeiro, que a imagem 3D nem é uma novidade, ela existe desde o século XIX e teve sua primeira utilização no cinema em 1950. Imagina aí... claro que sem a tecnologia fantástica que é hoje.
E aí, me lembrei que nos anos 80 vinham muitos circos para Fortaleza (montados no Iguatemi) que faziam exibições de cinema 3D. Na verdade, não era bem um filme, era mais uma sequência de vídeos expostos numa tela imensa em tamanho e largura onde passavam cenas de lugares como uma montanha russa (um carrinho subindo e descendo que dava a impressão de que estávamos dentro dele), cachoeiras, voos e mais um montão de cenas de aventuras e adrenalinas. Lembro que fui uma vez e terminei com muita dor de cabeça e vomitando.
Agora é tudo mais ameno, embora tenha conhecimento do cara que teve um enfarto após ver Avatar e saber também que a mãe de uma amiga teve crise de labirintite depois de ver Alice.

Então, como é que acontece a mágica?

Segundo o que li, tudo realmente não passa de uma ilusão de óptica no nosso cérebro (a máquina mais fantástica do mundo) que engana seus olhos para que você sinta que está vendo algo através de uma janela entre o mundo real e o mundo do cinema. Onde os personagens interagem com o cenário de uma forma bastante real, e nós, com eles.
Explicando: temos uma visão binocular, ou seja, cada olho enxerga uma imagem diferente e o cérebro as combina numa única imagem.
O 3D se utiliza dessa dualidade e cria a idéia de textura e profundidade porque as cenas são captadas com duas câmeras uma grudada na outra (assim como se fosse nosso olho esquerdo e o direito) e precisa também de dois projetores especiais para jogar a imagem na telona, que é exibida de forma alternada. Essa alternância supersônica junto com os óculos especiais (que utilizam filtros que impedem o olho esquerdo de ver algumas imagens e da mesma maneira o direito, causando uma fusão das duas ilusões) que transmitem ao expectador a sensação de estar próximo da tela e ver a textura das cores.
Cria uma terceira imagem no nosso cérebro utilizando a sutil diferença angular entre as duas imagens para auxiliar na percepção da profundidade (a terceira dimensão).
Ufa! Entenderam? Se não, é melhor pesquisar por que isso foi o máximo que consegui.
Mas no cinema 3D, pode confiar!

domingo, 25 de abril de 2010



A minha, a nossa Beira-Mar


Ontem fui dar uma caminhada ao ar livre, sem muitas pretensões. Só pelo simples prazer de olhar a vida, de fazer parte da sua paisagem. De fazer o exercício das pequenas coisas.
E como é bom ter na minha cidade o mar ali pertinho, ao alcance. Dá uma sensação de possuir uma riqueza de coisas belas, sem nos custar nada.
E como a cidade fervilha no final da tarde. São crianças, adultos, namorados, esportistas, idosos, cachorros, turistas, amantes, enfim uma infinidade de gente e de cores.
E o que é aquele pôr-do-sol na Praia de Iracema? E as cores do crepúsculo? E os barcos? Não tem como descrever, só indo lá.
Eu até pensei em levar a câmera, mas eu estava a fim mesmo era de curtir, de absorver tudo. Sentir aquela maresia invadir meus pulmões, ouvir as ondas batendo nas pedras e agradecer a vida.
Bacana foi descobri tanta coisa nova: um novo calçamento no aterrinho que termina no mar, uma outra loja do Café Castagno (com cara de aconchegante), o jardim Japonês que está quase pronto e lindo, o atirador de facas fazendo sua apresentação ao lado da família e falando em Deus, os gringos que se esforçam para pertencer à minha terra e que maltratam tanto o meu povo, os trabalhadores informais que sorriem pra qualquer um, enfim, universos tão diferentes que naquele lugar parecem ser um só.
Como é bom poder redescobrir minha cidade!
Ontem, lavei meu pé no mar, brinquei na areia, tomei água de coco, comi milho verde, vi os artesanatos... fiz um excelente passeio. Vou fazer mais vezes!!! Prometo!
É sempre um prazer te visitar, minha Beira-Mar!

sábado, 24 de abril de 2010



Eu tô lá no mar
E o sol tá brilhando
Na espuma da água
Eu desci da aldeia
Eu deixei minha mágoa
Eu lavei minha alma
Eu só quero Amor...

David Duarte

sexta-feira, 23 de abril de 2010


Os livros

Ontem assisti alguns programas de tv falando sobre as novas mídia tecnológicas na área da escrita e da literatura que estão mexendo com o mercado de editoras. Os leitores de livros virtuais. No caso, a bola da vez é o IPad da Appe. E como hoje é o dia internacional do livro, resolvi abordar o assunto.
Vejamos, a tecnologia é sempre algo que me estimula bastante e como é bom poder ter vários livros juntos num só local quando se está viajando. Não ocupa espaço na mala. Nem dá problema alérgico por causa dos famosos ácaros. No mais, fico pensando nas reais vantagens desse novo jeito de ler livros.
E o prazer de folhear as páginas? E o cheiro de livro novo? E colocar mais um na sua estante, na sua biblioteca tão construída, tão em desenvolvimento como a própria vida?
Quem pode substituir tudo isso?
Acho bacana, mas acredito que o livro é mesmo um objeto transcendente como disse Caetano na música Livros.
Ou como disse Clarice em Felicidade Clandestina: " Não era mais uma menina com um livro. Era uma mulher com seu amante."
Os livros impresso não vão acabar enquanto houver alma humana habitando esse planeta, enquanto existirem pessoas apaixonadas pelas cores, linhas, letras e páginas que só o amor táctil é capaz de proporcionar.
Amo os livros e todos os livros que amo, tenho certeza, me amam também!

quinta-feira, 22 de abril de 2010


Hoje reencontrei meu elo, meu eixo...
Foi tão bom!


quarta-feira, 21 de abril de 2010

BULA



Nossa, faz muito tempo que não escrevo aqui.
Fiquei, digamos, atraída pela outra mídia social, o twitter.
Mas agora voltei. Pra rever os amigos (frases longas e pensamentos complexos).
E aí fiquei pensando sobre o que escrever.
Tanta coisa aconteceu desde a morte da Zilda (último post), não é verdade?
Para ser mais fiel à realidade, digamos que o que passou, passou. Já foi.
Bom é falar do agora, sempre. Afinal, é nele que vivemos.
Então falemos de saúde, que o bem mais precioso que temos. Justamente porque ela está me faltando. Isso mesmo. Estou doente, com uma tal de bronquite asmática pra lá de violenta.
E é bom vocês saberem um pouco mais dela porque ninguém está imune. Nasce de uma simples gripe, depois uma rinite alérgica e quando vê, tá lá a maledita.
Estou fazendo o tratamento direitinho, pelo menos o aleopático, porque tenho que fazer muitas mudanças estruturais na minha vida. Aí é que o bicho pega.
Mudar rotinas, cotidianos e hábitos é o que há de mais difícil na história da humanidade, ela acontece a passos muito lentos. E porque justo na minha vida, tem que ser de repente?
Enfim, quem disse que a vida é justa não é mesmo...
Mas tenho também muita coisa boa boa fluindo dentro de mim. Muitos planos, desejos, sonhos revisitados, essas coisas.
Tô mais viva que nunca! Pulsando...
Depois conto mais, tá?
Beijos especiais às minhas queridas Moniquita e Bebel (esta última não aderiu ao twitter, e por isso me cobrou o fato de não postar mais no blog).E que 140 caracteres não nos separem mais...
Inté...