quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009


E-MAIL A UM GRANDE AMIGO

Escrevi um texto sobre o que tenho aprendido com as pessoas ultimamente...e de como minha vida está em transformação, buscando equilíbrio, diminuindo minha carga, tendo mais prazer com a vida simples, essas coisas...
Aí me aparece você num anoitecer dentro de um shopping lotado... e me acrescentou tanto, que queria dividir contigo essa experiência.
Escrevi assim sobre você:
Alexandre: Foi quem, na verdade, me motivou a estar aqui escrevendo e agradecendo a vida pela dádiva dos encontros...

Não o tinha visto e ele veio ao meu encontro com tanta luz o rodeando, com os braços e o coração abertos, leve... parecia flutuar ao me falar...em êxtase com a vida...
Perguntei se estava no mesmo trabalho (encontros ao acaso pedem perguntas e discursos prontos).
E ele me iluminou a noite naquele supermercado lotado. Tudo pareceu parar naquele instante, só estávamos ele e eu: “Vou sair do trabalho, vou morar em Paracuru, fazer o que gosto, escrever sobre a vida. Dinheiro a gente arranja, mais difícil é viver”.
E eu parecia uma menina na porta da confeitaria olhando o doce mais desejado.
Pensei por um instante: ele rompeu! Saiu da calçada dos tijolos amarelos e pegou um atalho...que inveja!
Falei quase que imediatamente: vou contigo!
E ele me olhou com uma firmeza e disse: “Vamos, Gô. Vamos comigo?”
Como se tivesse capturado a minha alma naquele instante.
Cai no abismo da Alice, de volta...e disse: “ainda não posso”.
Me olhou insistentemente dizendo com o olhar: “é possível, acredite!”
Abracei-o como quem se despede de uma mãe (cuidado com a análise dessa frase!!!kkkkkk!) e falei: “você ainda está com aquele número?”
E ele sussurrou baixinho seu celular pra mim, quase que em segredo...
E eu só consegui dizer: “tô trabalhando aqui do lado”.
E daí, fui embora...
Voltei com minha sacolinha de compras, ao local de trabalho. Levando muito mais que "coisas"...
Em êxtase... e com as palavras que não ouvi, na minha cabeça: é possível, acredite!
A vida, definitivamente me dá muitos presentes...
Obrigado Xande por ter cruzado a minha vida e ter feito diferença no meu ser...
Isso, aliás, acontece desde a faculdade...lembro do dia em que vc me levou à praia e leu Clarice pra mim, de frente ao mar...
Beijo grande, meu lindo.
Sua amiga, Gô!


E ele, docemente me respondeu:


Gô...
Tem certos momentos que acho até que tenho uma sensação plena sobre a vida.
Tem certos acontecimentos que me fazem calar com tamanho espanto de emoção.
Obrigado por compartilhar sua escritura comigo... Acho que viver é isto!
Bjs n'alma,
Xande.
"CAIO NA REDE, NÃO TEM QUEM NÃO CAIA"

Excelente show promovido pela Prefeitura de Fortaleza no encerramento do Pré-Carnaval da cidade e no lançamento da Campanha Contra o Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009


Saudades da minha mãe

A UM AUSENTE

Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.


Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?


Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.


Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste


Carlos Drummond de Andrade