domingo, 14 de junho de 2009


NO TEMPO EM QUE EU ESCREVIA CARTAS...


Na minha adolescência descobri o fantástico mundo da escrita. Escrevia muitas cartas, pelo menos duas por semana e me correspondia com amigas que hoje nem sei como estão, nem em quem se transformaram. Era sempre um prazer receber aquele envelope que com certeza traria notícias, confidências e um ligeiro panorama de como era a vida do remetente. Tinha sempre um papel colorido, com perfume, aos quais eram dados o devido valor sentimental e estético. Tudo era importantíssimo, a escolha do papel, da cor, das figuras, dos adesivos, das palavras, das notícias selecionadas, das confissões compartilhadas. Era tudo muito mais concreto, a espera, a ansiedade, a emoção de abrir o envelope, ao mesmo tempo era mágico escrever cartas, mais ainda recebê-las.

Algumas dessas amigas moravam em cidades a algumas horas da minha. Mas agíamos como se estivéssemos em continentes diferentes, tão intensas eram as confidências.... As amizades se foram, mas as cartas, estas permanecem dentro de um bauzinho que guardo como um tesouro de um tempo mágico e divertido. Hoje moro na mesma cidade com boa parte das pessoas com quem me correspondia, mas se as vê-la na rua, certamente não reconhecerei, algumas só tenho notícias e outras sequer me mandam um “scrap” ou e-mail.

Pois bem, a comunicação mudou, as pessoas mudaram, tudo ficou mais rápido, mas a carta ainda é o meio mais romântico de se comunicar. Nela tem a letra da pessoa, tem um tempo dedicado a escrever pra você, depois colocar no envelope e mandar. Nunca o e-mail ou os “scraps” superarão a mágica do contato com o papel, do real em suas mãos... e não de coisas virtuais, insólitas, como algumas relações de hoje.

Tinha uma amiga com quem me correspondia que havíamos criados heterônimos para a gente. Éramos outras pessoas, embora sendo as mesmas... era uma diversão fingir ser outra pessoa e me corresponde com outra também inventada.

Ainda tenho todas as cartas da minha época de adolescência para quem sabe quando eu ficar “famosa” alguém possa publicá-las.
Depois da internet nunca mais escrevi outra carta, é tudo muito líquido, mal dá pra guardar e sem contar que você recebe um monte por dia e quase sempre sem a devida importância pra você.

Desejo voltar a exercitar esse retorno, recuperar os sentimentos que experimentei quando ficava na ansiedade de ter notícias e de enviá-las a quem quisesse, na certeza que alguém em outro lugar me receberia por entrelinhas.

Um comentário:

Bebel disse...

Minha amiga querida,
Lendo o teu post eu me transportei a um período da minha adolescência, onde o barato da época eram as cartas. Confesso que sempre fui preguiçosa pra escrevê-las, mas recebê-las era algo mágico.
Depois que cresci entendi melhor a poesia das cartas, e cultivo esse hábito... ADORO e me ofereço a ser sua cobaia pra novas aventuras via envelope :)
Lindo o post.
Um beijo enorme